Startups investem em tecnologia, delivery e personalização para competirem com o Starbucks
Quando o assunto é café, não é de se espantar que o Brasil tenha números altíssimos. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de sermos os maiores exportadores da bebida do mundo, somos o segundo maior consumidor.
Já de acordo com a Forbes, a produção do mercado de café no Brasil apresentou crescimento de 23% em 2019 em comparação com o ano anterior, apesar da crise na economia. O aumento no consumo foi de 4,8%, o maior visto desde 2006, e está fortemente ligado à expansão da “gourmetização” da bebida pelo país.
Atualmente, vivemos a terceira onda do segmento de café no Brasil, com cafeterias pequenas e intimistas abrindo suas portas, sobretudo no eixo Curitiba-São Paulo. Apesar disso, a maior parte do consumo da bebida é feito de modo tradicional, dentro dos lares brasileiros.
Segundo a Associação Brasileira de Indústria de Café (ABIC), 81% do café consumido no Brasil é em pó, contra apenas 19% de cápsulas — populares, apenas, entre as classes A e B.
No mercado norte-americano, o maior desafio das cafeterias alternativas é concorrer contra a gigante do mercado, Starbucks. A multinacional monopoliza os grandes centros comerciais e já possui mais de 30 mil lojas em todo o mundo.
Tecnologia para vencer a concorrência
Para tentar concorrer com o Starbucks, as pequenas empresas apostam em tecnologias e personalizações, que possam trazer algum destaque para seus estabelecimentos.
É o caso da Bean Box — criada também na cidade-sede da gigante americana, em Seattle nos Estados Unidos—, este serviço de assinatura digital de café permite que o consumidor personalize a entrega ao seu gosto, recebendo uma curadoria individual, que o ajuda a escolher as opções mais pertinentes a seu paladar.
Para desenvolver esse processo, o CEO da empresa, Matthew Berk, usou o seu conhecimento em mineração de dados e tecnologia de pesquisa para criar um sistema que facilita a customização ao consumidor.
Até o momento, a empresa já levantou um total de US$ 2,3 milhões em investimento, apontado pela Crunchbase.
Café como inovação?
Outra empresa dos EUA, a texana Briggo, figura no segundo lugar da lista de startups de café mais bem-sucedidas da lista do site Crunchbase, somando um total de US$ 9 milhões em financiamento.
A empresa projetou quiosques robóticos que servem cafés personalizados com um simples comando de tela — seja no próprio quiosque ou através de smartphone.
A automatização agiliza o processo, permitindo que cada loja venda cerca de 100 cafés diferentes a cada hora, o equivalente ao trabalho de três ou quatro barista. E tudo é preparado ao gosto do cliente.
Recentemente, a startup foi listada pela revista Fast Company como uma das 10 empresas mais inovadoras do mundo. Por enquanto os quiosques só existem nos EUA.
Startup de café chinesa quer ultrapassar o Starbucks
Na Ásia, uma corporação tem sido destaque justamente por ter conseguido fazer o Starbucks perder seu espaço em menos de 1 ano de vida. A Luckin Coffee, do bilionário e ex-presidiário Yan Fei — preso em 2010 por fraude em sites de reviews —, aposta nos meios digitais para efetuar suas vendas.
A empresa trabalha com o modelo de pagamento apenas através do aplicativo oficial da marca. Já a entrega do produto, em caso de delivery, é efetuada em até 30 minutos.
Neste ano, a Luckin Coffee começou a comercializar suas ações na Nasdaq, mercado de ações norte-americano, arrecadando US$ 560 milhões com a operação.
A startup já possui cerca de 3.000 lojas em 40 cidades chinesas e planeja aumentar esse número para 4.500 até o final de 2022.
Em junho, a empresa anunciou ter fechado uma parceria para expandir seu modelo de negócio para a Índia e países do Oriente Médio, e não esconde o desejo de tomar o mercado global.