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O Brasil é o maior produtor de café do mundo, sendo responsável por 30% da exportação mundial.

A região Norte do Paraná, que já foi grande produtora da bebida no país, nos anos 1970, garante o sexto lugar para o estado, atrás de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia e Rondônia. Entretanto, apesar da grande quantidade, o café brasileiro é de pouca qualidade.

Quem faz a afirmação é o professor Carlos Eduardo Caldarelli, do Departamento de Economia, do Cesa (Centro de Estudos Sociais Aplicados) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), coordenador do projeto de pesquisa “Cadeia Produtiva, Mercado e Comercialização do Café no Brasil”. 

Diversos estudos iniciados no projeto já foram publicados em revistas nacionais e internacionais sobre aspectos econômicos, como a eficiência da cadeia produtiva e comercialização do produto e aspectos bibliométricos, como a produção de conhecimento sobre o café no país.

De acordo com o professor, desde 1990, período pós-desregulamentação do mercado do café, o país decidiu expandir a produção e ganhar em escalada com preço baixo, optando pela quantidade. Até então, o Brasil competia diretamente com a Colômbia, que organizou um modelo de produção de café de qualidade e, atualmente, destaca-se entre os cafés de elite no mundo. Se antes os países praticavam preços muito próximos, hoje, o café brasileiro é vendido pela metade do preço do colombiano.

No mercado mundial, o Brasil compete nos dias atuais com o Vietnã. O Brasil produz café arábica, usado para consumo filtrado. O Vietnã produz café robusta, utilizado para produção de café solúvel. “O nosso café não é de boa qualidade, sendo que comparativamente o nosso principal competidor produz outra qualidade de café”, explica Carlos Eduardo.

Descompasso com o mercado

De acordo com o professor da UEL, existe uma explicação para a baixa qualidade do produto. “Apesar de ser um grande produtor de café, o Brasil não pesquisa sobre o assunto, não estuda a cadeia”. Ele afirma que são feitas pesquisas sobre condição química, agronômica, mas pouco sobre o aspecto econômico da produção de café no mundo.

Esse descompasso, implica diretamente no país não conseguir se inserir em mercados de elite, no contexto global. “Falta produção de conhecimento”, reitera o coordenador. A identificação desse fato se deu nas pesquisas do pós-doutorado, feita na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em 2017. 

A provocação foi feita pelo pesquisador David Zilberman, que questionou Carlos Eduardo sobre o descompasso. A partir de então, os estudos se intensificaram para entender os pontos econômicos e a produção científica sobre o produto.

Uma das questões atuais levantadas pelo projeto é a produção de cafés especiais ou gourmets, que são considerados de alta qualidade, realizada em algumas regiões do país. Segundo Caldarelli, é um mercado que se desenvolve e surge como alternativa de diferenciação para os pequenos produtores, com vistas a maior rentabilidade e competitividade.

Cafés Especiais

Para fase posterior do projeto, será avaliada também a percepção do cliente em relação a estes novos produtos e a avaliação do quanto se pagaria a mais pelo consumo de um produto com maior qualidade. 

Projeto 

Com início em 2018 e previsão de término em 2023, o projeto de pesquisa “Cadeia Produtiva, Mercado e Comercialização do Café no Brasil” tem financiamento da Fundação Araucária. Além de características de pesquisa, o coordenador, Carlos Eduardo Caldarelli, também afirma que há envolvimento do ensino, pela conexão com a disciplina de Economia Rural, ministrada no curso de Ciências Econômicas.

O projeto tem participação de estudantes de graduação, pós-graduação, das professoras Katy Maia e Marcia Regina Gabardo, do Departamento de Economia, e ainda do pesquisador David Zilberman, da Universidade da Califórnia.

Fonte: O bonde

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