Na FOTO MIS 2019, além de exposição inédita de Pierre Verger, integram o projeto individuais de Luciano Candisani, Thomaz Farkas e João Farkas, e as exposições ‘Moventes’, do Acervo MIS, e ‘Onde tudo está’, de Beatriz Monteiro, mostra selecionada pelo programa Nova Fotografia.
Anualmente, o Museu da Imagem e do Som – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – dedica um espaço na agenda de programação para exposições exclusivamente de fotografias com obras de artistas nacionais e internacionais. Este ano, o FOTO MIS – antigo Maio Fotografia – fica em cartaz de 31 de agosto a 13 de outubro, quando todos os espaços expositivos do Museu serão tomados por obras de artistas singulares e fundamentais na história da fotografia. A abertura, a partir das 10h do dia 31 de agosto (sábado), tem entrada gratuita e traz programação paralela.
O FOTO MIS 2019 apresenta as exposições Todos iguais, todos diferentes?, do fotógrafo francês Pierre Verger, com uma seleção de retratos realizados entre as décadas de 1930 e 1970 ao redor do mundo; Estudos fotográficos: 70 anos de memória, remontagem da primeira exposição individual do fotógrafo Thomaz Farkas e primeira exposição de fotografia realizada em um museu de arte no Brasil; Caretas de Maragojipe, de João Farkas, sobre o carnaval como patrimônio imaterial do recôncavo baiano, e Haenyeo, mulheres do mar, de Luciano Candisani, que retrata a vida de um grupo de mulheres que vivem na Coreia do Sul e seguem a tradição secular de mergulhar utilizando apenas o ar de seus pulmões para colher produtos marinhos.
Integram, ainda, o FOTO MIS a mostra Moventes, com obras do Acervo MIS, que conta com curadoria de Valquíria Prates, e Onde tudo está, individual de Beatriz Monteiro, projeto selecionado pelo programa anual do MIS, Nova Fotografia 2019.
Além das exposições, o FOTO MIS 2019 conta com uma extensa programação paralela. Entre as atividades estão lançamentos dos livros das exposições de Pierre Verger, Thomaz e João Farkas, cursos de fotografia, visita guiada com Valquíria Prates (Acervo), uma edição da Foto Feira Cavalete e a Maratona Infantil especial fotografia.
Abaixo mais informações sobre cada uma das exposições do Foto MIS 2019.
Pierre Verger: Todos iguais, todos diferentes?
Pierre Fatumbi Verger foi um dentre os muitos viajantes que, através da sua obra, conseguiu criar links entre diversas culturas e entre as pessoas a estas pertencentes. A exposição Todos Iguais, todos diferentes?, por meio da apresentação de retratos realizados por Pierre Verger ao redor do mundo, pretende trazer para o público a diversidade cultural que ele encontrou e fotografou durante sua vida. As 50 ampliações em grande formato, a trintena de placas de contatos originais e uma projeção de fotografias realizadas em mais de 20 países traz um registro visual dessas culturas, enquanto um aplicativo desenvolvido especialmente para a mostra permite discutir problemáticas girando em torno da pergunta “Somos todos iguais, somos todos diferentes?”. Através desse recurso, o visitante pode ouvir curtos testemunhos de artistas e pesquisadores – oriundos dos lugares fotografados por Pierre Verger – que tratam de temáticas que abordam diversidade cultural, identidade, globalização e as consequências culturais do turismo ou do colonialismo. Junto à mostra será lançado um livro-catálogo, com prefácio de Rubens Ricupero, retomando as imagens da mostra. A exposição é realizada em parceria com a Fundação Pierre Verger e a curadoria é de Alex Baradel, responsável pelo acervo fotográfico da Fundação.
Pierre Edouard Léopold Verger (1902-1996) foi um fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês, que viveu grande parte da sua vida na cidade de Salvador (Bahia). Realizou um trabalho fotográfico de grande importância, baseado no cotidiano e nas culturas populares dos cinco continentes. Além disso, produziu uma obra escrita de referência sobre as culturas afro-baiana e diaspóricas, voltando seu olhar de pesquisador para os aspectos religiosos do candomblé e tornando-os seu principal foco de interesse.
Thomaz Farkas: Estudos fotográficos: 70 anos de memória
Em 1949, a exposição Estudos fotográficos, de Thomaz Farkas, foi considerada um marco da fotografia moderna, por ser a primeira exposição de fotografia em uma instituição brasileira e por buscar mostrar novas configurações de expografia. Setenta anos depois, a exposição será revisitada para rememorar esse marco e exaltar a arte de um fotógrafo que impregna a estética da fotografia moderna de um olhar poético sobre o cotidiano do outro.
Realizada em meados de 1949, Estudos fotográficos foi montada em uma das salas do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em sua sede na rua Sete de Abril, e marcou o ingresso da fotografia, nos museus de arte no Brasil, enquanto manifestação artística. A mostra apresentava um conjunto de obras extremamente experimentais e pessoais do jovem fotógrafo de 25 anos. Ali estava reunida uma parte muito significativa das grandes imagens que marcariam a obra do fotógrafo. Agora, comemoram-se os 70 anos do evento, com o lançamento do livro na abertura do FOTO MIS, não exatamente com a expografia do MAM, mas com o mesmo conteúdo.
Thomaz Farkas (Hungria, 17 de setembro de 1924 – São Paulo, 26 de março de 2011). Fotógrafo, professor, produtor e diretor de cinema, Thomaz Farkas é reconhecido pela sua produção fotográfica, tendo realizado exposições nos mais importantes centros culturais e museus do Brasil e do exterior. Ao lado de fotógrafos como German Lorca, Geraldo de Barros, José Medeiros e Marcel Gautherot, Thomaz é um dos principais expoentes da fotografia moderna no Brasil.
João Farkas: Caretas de Maragojipe
Durante os dias de Carnaval, os moradores da cidade baiana Maragojipe se transformam em “caretas”, figuras festeiras multicoloridas e sem identidade. A exposição apresenta uma série de retratos feitos por João Farkas a partir da tradição de carnaval da cidade. João Farkas registrou os Caretas por cinco anos e destaca em seus retratos o vigor da expressão contido nas fantasias, nas cores e no anonimato.
João Farkas formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo e continuou sua formação como fotógrafo em Nova York no ICP (International Center of Photography) e na School of Visual Arts. Ainda em Nova York, trabalhou como correspondente fotográfico para as revistas Veja e Isto É e fez parte da equipe de reportagem da Rede Globo de Televisão. Foi editor de fotografia da revista Isto É entre 1981 e 1985. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, entre elas Horizontes (Museu de Arte de São Paulo, 1979), Histórias mestiças (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2014), A cor do Brasil (Museu de Arte do Rio – MAR) e Brazil Land & Soul (Casa do Brasil, Bruxelas, 2019). Possui obras em acervos, museus e coleções particulares, entre elas o ICP – International Center of Photography (Nova York) e o MASP.
As exposições de Thomaz e João Farkas são realizadas em parceria com o Instituto Olga Kos, que também apresenta Cotidiano singular, mostra que pretende trazer a experiência das oficinas de inclusão e arte do Instituto, recriando parte do ambiente e trazendo as produções baseadas nas obras de João e Thomaz Farkas.
Luciano Candisani: Haenyeo, mulheres do mar
O fotógrafo brasileiro Luciano Candisani percorreu todos os oceanos para documentar as populações tradicionais ligadas ao mar e concluiu recentemente seu maior projeto sobre o tema. Candisani passou 35 dias imerso na secular cultura das haenyeo, as mulheres do mar da Ilha de Jeju, na Coreia do Sul. São senhoras, de 65 a 92 anos de idade, que mergulham só com o ar dos pulmões a até 10 metros de profundidade, onde permanecem por dois minutos em busca de polvos, peixes, conchas e outros frutos do mar. Mais do que extrativistas, as haenyeo mantêm vivos costumes surgidos na Ilha de Jeju há quatro séculos, quando uma conjuntura sociopolítica provocou o êxodo dos homens e levou as mulheres a se lançarem ao fundo do mar pela sobrevivência. Elas foram em busca do sustento de suas famílias sem suspeitar que fundariam uma tradição cultural coesa, hoje incluída na lista da Unesco de patrimônios culturais intangíveis da humanidade e celebrada em todo o mundo pelos valores universais que carrega: sustentabilidade, pertencimento e força da mulher.
“Esta é uma história sobre a força peculiar das mulheres e vem carregada de lições importantes sobre temas universais como a passagem do tempo, o pertencimento e a ligação com o ambiente do qual nossa sobrevivência depende”, destaca Candisani. A exposição é realizada em parceria com a editora Vento Leste, que no dia 31 de agosto lança o catálogo da exposição com bate-papo com o fotógrafo.
Luciano Candisani. Destaque na fotografia contemporânea, o fotógrafo interpreta culturas tradicionais e ecossistemas ao redor do mundo há mais de duas décadas. Já recebeu alguns dos principais prêmios da fotografia internacional e foi por duas vezes jurado do prestigioso World Press Photo, na Holanda. Suas fotografias aparecem em exposições, galerias de arte e museus no Brasil e exterior. Faz parte do seleto grupo de fotógrafos da edição principal de National Geographic e de coletivos importantes como ILCP e The Photo Society. Sua produção conta, ainda, com sete livros, inúmeras matérias, workshops e palestras no Brasil e exterior.
Acervo MIS: Moventes
A exposição Moventes é fruto de um exercício de investigação poética sobre a presença de situações de deslocamento em diferentes tipos de trabalho itinerante no acervo do MIS, com curadoria da pesquisadora e curadora Valquíria Prates. A exposição é um convite a uma reflexão trabalho e deslocamentos a partir de imagens que registram trabalhadores rurais, feirantes, carregadores, carroceiros, caminhoneiros, artistas de circo e vendedores ambulantes em fotografias, filmes e documentos de diferentes coleções do acervo.
Fazem parte da exposição fotografias de Pedro Ribeiro, Plácido de Campos Júnior, Carlos Eduardo Mistrorigo de Almeida, Gabriel G. Bonduki, Denise Abrantes Banho, Eduardo Pagotto, Roberto Sabey, Júlio Amaral de Oliveira, Maria Luiza Leonardi Martinelli, Fernando Scavone, Roman Bernard Stulbach, Sebastião Salgado, entre outros fotógrafos e fotógrafas, além de filmes de Helena Tassara e Jorge Furtado e uma seleção de livros e áudios pertencentes ao acervo do Museu.
Valquíria Prates é curadora, escritora e educadora. Doutora em Artes pela Unesp, mestre em educação, Valquíria é graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, onde pesquisou temas das áreas de mediação das artes, arte contemporânea, público de arte, recepção estética e aprendizagem em instituições culturais.
Nova Fotografia 2019: Onde tudo está, de Beatriz Monteiro
O programa anual Nova Fotografia busca criar um espaço permanente para exposição de fotografias de artistas promissores que se distinguem pela qualidade e inovação de seu trabalho. Para a terceira edição de 2019, o MIS apresenta Onde tudo está, da fotógrafa Beatriz Monteiro. A série nasceu de suas questões acerca da construção de identidade e sentido de pertencimento, tensionadas fortemente pela cegueira repentina de seu pai. Em um exercício que vai de recortes e sobreposições de objetos em imagens de arquivo familiar, a artista cria um novo significado para elas, que, somadas a novas imagens, trazem pistas que a guiam por esse caminho.
Beatriz Monteiro estudou fotografia na Panamericana Escola de Arte e Design e seguiu com a fotografia de moda, realizando ensaios para diversas marcas. Atualmente dedica-se à fotografia autoral.
Cursos de fotografia
O MIS está com inscrições abertas para três cursos de fotografia: O básico da fotografia (2 a 17 de setembro), Fotografia: tudo que você precisa saber hoje (15 de agosto a 19 de setembro) e Fotografia de retrato (10 de setembro e 2 de outubro). As inscrições podem ser feitas no site do MIS ou na Recepção do Museu. Os alunos inscritos nestes cursos ganham um ingresso e participam de visita guiada pelo professor às exposições que integram o FOTO MIS 2019.
Sobre o FOTO MIS
Criado em 2012, o projeto Foto MIS, antigo Maio Fotografia no MIS, dedica cerca de dois meses por ano à fotografia, com todos os espaços do Museu tomados por exposições, seminários e oficinas. Em suas sete edições, figuraram importantes artistas nacionais e internacionais, como André Kertész, Andy Warhol, Carlos Eber, Chico Albuquerque, Claudio Edinger, Gregory Crewdson, Josef Koudelka, Martin Parr, Mauricio Lima, Sandro Miller, Valdir Cruz, Vivian Maier, Walter Carvalho e Willy Ronnis.
Serviço
FOTO MIS 2019
Abertura 31 de agosto, às 10h (entrada gratuita)
Data 1º de setembro a 13 de outubro de 2019
Horário Terças a sábados, das 10h às 20h (com permanência até 22h); domingos e feriados, das 10h às 18h (com permanência até 20h)
Local Espaço Expositivo 1º andar, Espaço Expositivo 2º andar, Espaço Redondo, Nicho e Foyer do Auditório MIS
Ingresso R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Na Recepção do MIS e no site e aplicativo Ingresso Rápido Entrada gratuita às terças-feiras e para crianças até cinco anos
Classificação indicativa Livre Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 18
Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.
LIVRO “PERFUME DE SONHO”, O MUNDO DO CAFÉ SOB O OLHAR DE SEBASTIÃO SALGADO