Quem viaja com frequência adota atitudes que servem para o seu dia a dia. Veja como uma viagem pode transformar a sua vida.
Outro dia me perguntaram: “Como eu me profissionalizei na Arte de Viajar?”
Primeiramente, sempre fui muito curioso. Desde muito pequeno adorava estudar geografia, pois via que o mundo era muito maior do que imaginava. Me encantava (e continua me encantando) com as diferenças de culturas, idiomas, culinária, clima…
Cheguei até a começar a fazer uma faculdade de Turismo (que não concluí), trabalhei com hotelaria, abri uma agência de mototurismo, mas minha maior inspiração foi meu Pai, que era caminhoneiro, e me passou esse amor pela estrada e de certa forma ter um “espírito livre”.
Então me dei conta que comecei a me profissionalizar quando tive a primeira oportunidade de “ganhar o mundo” – Aceitei quase sem pensar, deixando proposta de trabalho promissora, família, faculdade…. e com 19 anos optei por ir morar nos Estados Unidos. Lá tive que me virar, aprendendo diariamente tudo aquilo que me despertava curiosidade quando criança.
Hoje, quase 20 anos depois dessa experiência, tive o privilégio de conhecer alguns países, muitas pessoas fantásticas, muita história pra contar … e claro, aprendi muito com tudo isso:
Aprendi que existem certas habilidades que são fundamentais para se tornar um viajante profissional e deixar de ser apenas um turista.
Para mim, o viajante é aquele que não tem chilique diante das adversidades, que não complica a própria vida (e a dos companheiros) com frescuras, que não reluta em experimentar coisas novas e por aí vai.
Algumas habilidades são natas. Outras, você pode desenvolver com o tempo (ou não):
Ser Curioso / Criativo
Para não passar por situações constrangedoras quando estamos vivendo uma experiência de vida cultural diferente da nossa, só tem um jeito: estudar a cultura local, tentar aprender os códigos básicos de conduta e respeitá-los.
Não está nem aí? Vai comer “salsa” (molho apimentado) num jantar oferecido por uma família mexicana? Não quer tirar o sapato para entrar num templo budista? Pois saiba que tudo isso pode ser bem mais ofensivo do que você imagina.
Na minha humilde opinião, viajar perde o sentido se você se limitar a repetir as coisas que faz na sua cidade. O mais impressionante é que isso acontece muito mais do imaginamos. Simplesmente engata o piloto automático, e procura pro feijão e arroz no cardápio, ou para no primeiro McDonald’s por saber exatamente o que vai encontrar.
Com certeza há quem se contente e viajar para o mesmo lugar que “todo mundo está viajando”. Realmente temos facilidade em seguir o fluxo, visitar os pontos turísticos mais famosos, tirar as mesmas fotos que todo mundo tira, e seguir um roteiro pré estabelecido por algum guia turístico.
Mas há tanta vida lá fora… das zonas turísticas. Tanta coisa para ver e curtir na “vida real” dos destinos. Eu costumo falar que o “Lado B” é muito mais divertido. Encontrar novos caminhos, procurar o diferente… Vale a pena fazer um pequeno esforço e ampliar o campo de visão.
Sair da zona de conforto e segurança nem sempre é fácil, mas é tão enriquecedor…
Organização
Confesso que não sou o cara mais organizado do mundo, mas para viajar a gente faz um esforço, pois isso envolve muitos fatores, desde programação das datas, reservas, bagagens…
Claro que uma viagem não combina com uma lista de tarefas no Excel (para algumas pessoas combina), mas é importante você ter o mínimo de organização para evitar alguns perrengues, como perder um vou por falta de planejamento de escala ou chegar numa cidade e não ter onde dormir.
Uma vez ouvi: Carregue na sua mochila somente o necessário. Arrastar muito peso é atraso de vida. Desde então tenho uma regra pessoal:
- 10 kg (mala de mão) para viagens de até 15 dias;
- 15 kg a 20 kg para viagens mais longas.
Uma verdade: nunca precisei desesperadamente de algo que não levei e/ou que não pudesse encontrar pelo caminho em caso de emergência. Por outro lado, vivo me arrependendo de ter carregado coisas inúteis.
Não ter vergonha de perguntar
Vencer a timidez para abordar uma pessoas estranha, não é uma tarefa muito fácil, principalmente quando não dominamos o idioma. Mas acredite, é questão de sobrevivência e até mesmo a chance de receber dicas valiosas de um local.
Tive muitas boas experiências pelo simples fato de perguntar. Por exemplo: Onde as pessoas locais gostam de comer diariamente? Qual a melhor cafeteria da cidade? Qual a cerveja artesanal da região?
Dica extra: Se está em algum país em que você não domine o idioma, ente aprender ao menos algumas palavras para quebrar o gelo (olá, bom dia, por favor). Depois, mesmo que seja por meio de mímica, será mais fácil a pessoa tentar te entender.
Não ter frescura
Para quem está cheio da bufunfa, só voa de executiva, se hospeda somente em hotel de luxo, só come em restaurante estrelado…pode bancar a frescura numa boa. Mas quem viaja de low-cost precisa ser mais flexível e muitas vezes exercitar a paciência.
Não adianta reclamar com o gerente do hotel econômico, se não conseguiu dormir direito pelo fato do barulho na rua. Não rola ter chilique com um garçom desatento/despreparado demorou para tirar seu pedido no restaurante popular da cidade.
Acredite, quanto mais reclamamos, pior as coisas ficam!
Não ser vacilão (mas não também não ser paranoico)
É óbvio que precisamos ficar espertos. Se cuidar, ter noção de perigo é sempre fundamental seja na nossa cidade ou numa viagem. Mas paranoia é uma coisa bem diferente. Achar constantemente que estamos sendo passada para trás ou desconfiar de tudo e de todos, pode transformar sua viagem numa síndrome de pânico.
Não pense que todos são seus amigos, mas também não ache que todos são aproveitadores que adoram passar turistas para trás. Bom senso e atenção aos detalhes com certeza irão te tirar de possíveis ciladas.
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